Hoje, em Sète, vi um casal a passar em frente ao café onde bebia o meu “pastiss”.
Ela era “redondinha”, cabelo louro platinado, não sei se era pintado. Branca como cal. Ele o oposto, pele e barba “latino style”. Não era magro, mas estava bastante mais em forma do que ela. Era até bem-feito.
Caminhavam devagar, de braço dado. Os rapazes, semi-adolescentes – que deviam ser os filhos – de braço dado também, um de cada lado deles os dois. Ela olhava o céu enquanto caminhava, segurando uma bengala. Era cega.
O que é que muitos ou muitas, para não dizer todas, as mulheres inicialmente pensariam ao verem este casal?… Gorda, não muito interessante fisicamente, e cega, numa relação que parece ser de amor, com um homem mais bonito, e com dois filhos? Como é que ela encontrou o Amor?
E, logo a seguir, penso nas pessoas com a sua limitação, ou com outras condições de saúde, que perderam a esperança em encontrar o Amor por causa dessas mesmas limitações. Abandonaram-se.
E, mais uma vez, percebo que o amor é algo que acontece, não importa a quem, ou quando, ou como. E depois, que se constrói. Aliás, se assim não fosse, não haveria tanta gente “perfeita” e que está sozinha, ou de coração partido. Ou os dois. Há tanta solidão voluntária por aí…
Nunca é tarde para viver e encontrar o Amor. Ou ele encontrar-nos a nós. Mas, tens de abrir-lhe a porta. Senão… irá pensar que não está ninguém e irá bater a outra.