Preciso dum Relacionamento?
“Come sleep with me: We won’t make Love, Love will make us.”
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Quando é que estamos prontos para um relacionamento amoroso?
Quando não precisarmos mais de estar num relacionamento.
Isto quer dizer:
1) Não precisarmos de estar num relacionamento (com o Outro) para estarmos completos;
2) Deixarmos de estar num relacionamento fixo com nós mesmos, o que fazemos para sustentar a ideia falsa que criamos do nosso Eu, e assim impossibilitando-nos de nos relacionarmos com o outro de forma livre, amando (livremente) o outro ser. Coloquei “livremente” entre aspas porque o amor presssupõe isso mesmo: liberdade. Quando não há, não é amor.
E que é isto de amar “livremente”?
É o chamado “amor livre” dos anos 60?
Não.
Ou melhor, pode ser, se esse contrato for consentido por todas as partes envolvidas. Na essência, amar é quando genuinamente queres o melhor para o outro (sem que para isso tu fiques em défice, claro).
Portanto, nunca poderás amar o outro com prejuízo para essa pessoa, pois isso não será amor.
E o que significa estarmos completos? Não precisamos de ninguém? Somos independentes?
Se precisarmos de alguém para estarmos serenos, felizes e inteiros, o que fazemos quando essa pessoa desaparecer? (e ela irá sempre desaparecer mais cedo ou mais tarde) Também desaparecemos? Cometemos suicídio? Arrastamos os nossos dias até à hora da morte? Tornamo-nos cínicos? Deixamos de acreditar no amor? Deixamos de ser quem somos porque nos falta aquela parte que nos “completava”?
Completar e Complementar são conceitos muito diferentes e que se confundem na esfera do amor.
Não somos independentes e também não somos (ou não deveriamos ser) dependentes ou co-dependentes. Somos inter-dependentes. Ou seja, complementos um do outro, e nunca – num relacionamento saudável – completar o outro. Aliás, que ideia presunçosa seria essa, quem somos nós para ter o poder de o fazer, Deus?
Nós não salvamos ninguém, nem completamos ninguém, simplesmente estamos aqui uns para os outros quando é necessário e quando nós próprios estamos em condições de o fazer.
Isso quer dizer que nos inter-ajudamos sem dependermos dessa ajuda (quer sejamos nós a dá-la ou a recebê-la, pois podemos ser dependentes do ato de dar, também). Quer dizer que participamos nas vidas uns dos outros para as facilitar, para as enaltecer e celebrar, para adicionar algo. Não para preencher algo ou para dificultá-las.
Fernando pessoa dizia:
“Se te é impossível viver só, nasceste escravo.”
E quando o relacionamento acaba ou a pessoa desaparece?
Dizem que não se morre de amores, mas… morre-se sim. Algo em nós, morre.
Morre aquela parte que queria (e não, “precisava”) estar na vida daquela pessoa. E tudo bem. Tem mesmo de morrer. É preciso verter lágrimas, soltar suspiros, curar bloqueios, desatar nós, deixar a dor sair, ela significa que estamos a viver uma perda e as perdas doem, doem muito. E, fazem parte da vida. Não somos sociopatas, não temos de negar a dor fingindo uma alegria que não cabe no momento, mas que virá certamente se e quando soubermos fazer o nosso luto, se estivermos dispostos a isso.
O luto é um trabalho de aceitação.
Não de “resignação”, não de “conformismo”. A vida é, na sua essência, uma constante mudança. Aceitar isto e confiar num futuro melhor faz parte do processo do luto e de viver plenamente. Pedir ajuda neste caminho tão desafiante é um sinal de inteligência.
Os lutos das relações amorosas são muito dificieis de fazer porque sabemos que a pessoa continua viva e acessível, ainda mais hoje em dia com as redes sociais. Não podemos subestimar o impacto que estes lutos têm nas nossas vidas, se não os fizermos, eles virão bater à nossa porta mais cedo ou mais tarde, mascarados das mais variadas formas.
“It’s OK to do less when you are coping with more.”
Não afastes o que te é desconfortável e penoso agarrando-te a tudo que é prazeroso para enganar a dor. Isto é o Ego. É a sua estratégia de sobrevivência, porque o Ego nunca quer morrer.
Em vez disso, respira (“breathe” como diz a canção dos Pink Floyd) profundamente no teu momento presente. O teu coração está ansioso? Respira, fica presente. Sente. Encara a dor. Sê forte. Não fujas, atravessa a dor. Isto é rendição, é o que te fará sair do outro lado do túnel. Mais plena, mais serena, mais viva, mais autêntica.
Precisamos então, dum relacionamento amoroso… ou não?
Há uma enorme diferença entre precisar dum relacinamento e QUERER um, desejar muito ter uma relação amorosa e partilhar a vida com alguém. Sentirmo-nos em casa na nossa própria pessoa primeiro e depois encontrar uma segunda casa em alguém, na qual também queremos entrar e estar.
QUEREMOS. – Não, “precisamos”.
A FORMA como isso se dá, não importa. O que importa é que ambos estejam na sua pele e não exijam do outro que ele ou ela seja um reflexo deles mesmos. Daí ser tão imporante os valores de vida estarem alinhados e sabermos dar a nós próprios primeiro o que precisamos para estar bem, e que do outro só poderei receber por acréscimo e não por falta.
Não importa como se definem as regras do relacionamento, se vivem juntos, separados, se querem constituir família, se querem trabalhar juntos, se preferem ter um estilo de vida em que estão sediados num lugar só ou se viajam constantemente. O que importa é se ambos estão de acordo com as “regras” da relação, sabendo que o mais essencial da vida, só nos podemos dar a nós mesmos e não esperar ou exigir do outro que o faça.
Só aí estaremos confortáveis com a “casa do outro”, se estivermos primeiro confortáveis na nossa própria casa. Senão, quando o outro estiver na casa dele e estiver bem, isso poderá mexer conosco: “Como é que ele está feliz sozinho? Não precisa de mim? Não sou suficiente para ele? Sou substituível?”
Quando duas pessoas se juntam, não é (ou não deveria ser) porque preenchem faltas, mas porque criam uma 3ª entidade que é a relação que elas as duas juntas formam: “Needing someone, but not in a needy way”.
E não é “uma” relação, nem é “uma” pessoa. É “aquela” pessoa, por quem sentimos algo inexplicável, que não se mede ou se compara e que é real e não idílica, e é “aquela” relação, a qual permite que esse sentimento se sustente nos dias bons e nos dias maus.
E há condições que não permitem esse sustento. Se um dos membros for dependente, por exemplo, é uma relação a 3 com a sua dependência ou limitação e não uma relação a 2, e tudo bem desde que, mais uma vez, ambas as partes assinem esse contrato específico. Mas podem não querer ou conseguir fazê-lo.
O amor é incondicional por natureza, os relacionamentos não o são. É preciso entender isto. E esse 3º elemento da relação pode ser um vício (drogas, jogo, etc.), uma pessoa (família que interfere, amante/s, ex-relacionamento, etc.) uma sombra do passado, uma crença que limita a pessoa e interfere na relação a dois, etc.
É o amor incondicional que faz com que as discussões que sempre acontecem (num relacionamento saudável) valham zero. E porquê valerem zero? Porque não fazem parte delas insultos, desprezo, ataques pessoais, vitimização ou manipulação. Não deixam mazelas. Não se tornam feridas difícies de sarar em cima das quais acontecem mais.
Podemos sentir a falta de alguém tremendamente e, ainda assim, não querer ter “aquela” relação de volta. A saudade é humana e existe para ser sentida, aliás, é a única coisa que podemos fazer com ela, senti-la. Como dizia no filme “Comer, rezar e amar”: “But I miss him so much.”, “So… miss him.”
Podemos não precisar de estar numa relação amorosa para estarmos bem (isto é autoestima), e podemos, ao mesmo tempo, QUERER estar numa relação: Isso é legítimo e em nada nos torna seres dependentes ou defeituosos.
E preferir estar em relação não significa querer ou aceitar determinados tipos de relação. Quando isto não está consciente é normal dizerem, “Há muito peixe no mar”.
Sim, há. E sim, há certamente mais de 1 pessoa em 6 biliões de pessoas no planeta com as quais podemos sentir amor incondicional e ter uma relação amorosa saudável. Não acredito que temos só uma chance na vida! Se assim fosse, as probabilidades de casamentos felizes seriam muito, muito baixas. 🙂 Mas isso não quer dizer que tenhamos que ir por aí fora encontrar um “peixe” qualquer.
Preferir estar numa relação do que estar solteira, não significa que não sei estar sozinha, que não goste, aprecie ou até precise. É necessário que essa relação acrescente algo à minha tranquila solidão voluntária.
Estarmos solteiros não significa que estamos disponíveis. Podemos estar mas podemos não estar também.
Se não trabalharmos a nossa autoestima, ou seja, estando a sós verdadeiramente bem, vamos atrair relações proporcionais ao grau do nosso sentimento de bem estar quando estamos a sós.
Faz sentido?
Continuo a desenvolver o meu projeto de Coaching para trabalhar a Autoestima e construires relacionamentos saudáveis e harmoniosos. Fica atenta às novidades nas redes sociais para participar, caso seja do teu interesse.
Uma boa semana e que os teus lutos, sejam eles quais forem, possam ser vividos como merecem e o teu Ser precisa.
Deixo aqui a Solidão de Francisco Buarque de Holanda:
Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo… Isso é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar… Isso é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos… Isso é equilíbrio.
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe para que revejamos a nossa vida… Isso é um princípio da Natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado… Isso é circunstância.
Solidão é muito mais do que tudo isso.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.
Com carinho,
Elisa.
Nem todas as estórias de amor dão para a vida.
E nem todas as estórias de vida são estórias de amor.
O que é que as define? Qual queres? Em que estória estás?
Podes ter as duas numa só?
Agenda Sessão de Descoberta – email contact@elisadelima.com
Relacionamentos de Qualidade é Qualidade de Vida
E, como habitual, mensalmente ofereço sessões de Coaching Relacional, Individual ou em Casal!
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