A pergunta do século: Relacionamento Aberto é sinónimo de mais Liberdade?

Sempre detestei MODAS.

Não entendo a necessidade de sermos iguais uns aos outros. Essa sofreguidão por pertença e aceitação. A qual deverá começar em nós mesmos, e é aí que a coisa começa a falhar. Nós fugimos dessa auto-aceitação e mascarámo-nos com modas, máscaras, “sim’s” que querem ser “não’s” e vice versa, multi-parceiros, e… a lista continua.

Os Relacionamentos Abertos estão na moda. Falar de sexualidade está na moda. Sex toys e sex shops estão na moda.

Atenção. Não sou contra modas. Mas detesto a maior parte delas. E podem haver modas positivas. Se salvar baleias de forma sustentável se tornar numa moda, sou a favor! Portanto, falar de sexualidade é uma moda que agradeço.

Estamos no final de 2021 e há tanta falta de informação e moralidade castradora ainda. Há tantos preconceitos, tantas prisões. É preciso liberdade plena, sim. Liberdade no sentido da nossa relação com o prazer, cada um tem a sua forma, e são todas válidas desde que voluntárias.

Mas a Liberdade nos Relacionamentos é outro assunto. Um bem mais complexo e do qual não se fala tanto. Estão na moda os Relacionamentos Abertos, mas tal como todas as modas, há algo de superficial nessa temática, algo (ainda) não sedimentado.

Em primeiro lugar está a própria definição do que é um Relacionamento Aberto.

É aberto para quem?

E se é aberto, é aberto para sempre?

E estão todos em plano de igualdade?

Se sim, então vivem todos juntos?

Se não, porque é que escolhemos viver com aquela pessoa e não com aquela?

O que é que acontece e não acontece quando vivemos com alguém?

O que é que acontece e não acontece quando não vivemos com alguém?

Já ouvi dizer coisas como,

“A minha mulher, a que vive comigo, a que está ‘lá em casa’, é a principal. As outras são ‘só’ minhas amantes.”

“Queres ter uma relação aberta comigo mas queres ter privilégios de rainha. Tu não és ‘a’ rainha.” Isto depois de eu ser sincera e contar a essa pessoa que me estava a relacionar com outro homem. Ele ainda disse que a minha sinceridade era “um problema que ele agora tinha para resolver.”

Como diz George Orwell, “Num tempo de engano universal, dizer a verdade é um ato revolucionário.”

Quando vamos parar de nos enganarmos universalmente? Quando estaremos prontos?

Não sou contra Relacionamentos Abertos. Não sou contra nem a favor, isto é, tudo é válido desde que sirva para fomentar a relação. Para a fazer evoluir, mesmo que o curso natural dessa evolução possa ser a separação.

Mas para isso acontecer tem de haver uma relação, de facto. E é aqui que as coisas se confundem.

Por isso, e em 1º lugar, é preciso fazermo-nos as perguntas: “O que significa ter ou estar em relação, para mim?”, depois, “Quero mesmo ter uma relação?”, “Quero ter uma estória de vida ou uma estória de amor?”, “Como é que elas se diferem?”

E com isto não quero dizer que temos de morar juntos para estar numa relação “a sério”. E com isto não quero dizer que a exclusividade sexual é a única forma de amarmos alguém. Para uns pode ser, para outros pode não ser.

Monogamia e Poligamia não são regras, são opções. Mas chamemos as coisas pelo nome! Poligamia deverá ser para todos e todos deverão consentir e estar confortáveis com essas “regras do jogo”. A isto agora chamam de “poligamia transparente”. Ou seja, poligamia! Onde todos deverão ter as mesmas peças com que jogar. Se não têm, isso também deverá ser posto em cima da mesa.

A grande questão é, como conciliar necessidades tão opostas? A aventura e a previsibilidade? A segurança e o risco? O mistério e o familiar? O amor e o desejo?

O que é que a exclusividade nos dá, o que é que nos tira?

Que falta faz… a falta?

Com quem não nos conhecemos podemos mostrar somente as partes de nós de que gostamos, aquelas que sabemos que vão ser aceites. A partir do momento que somos vistos na nossa esfera total corremos o risco de sermos rejeitados, incompreendidos, comparados, julgados, ou de desiludir o outro.

Daí que a aceitação é uma peça chave no nosso sentido de ser e ser com o outro, em autêntica e completa relação. E não só nos relacionado através das partes que queremos expor, por medo de expormos as outras.

É, por isso, preciso imensa coragem para escolher estarmos em relação e não somente numa conexão. É preciso coragem para amar, alimentar esse amor e deixar que nos amem, que nos vejam.

Ao fazermos isso damos um salto de fé, ao arriscarmos mostrarmo-nos ao outro como somos na nossa totalidade, colocando todas as peças em cima da mesa, esperando que o nosso “puzzle” seja suficiente para o outro brincar, e amar.

Portanto, um verdadeiro relacionamento aberto é, acima de tudo, sinónimo de honestidade, responsabilidade e desprendimento.

Mas atenção, o desprendimento deve ser para todas as partes. E desprendimento não significa descuido. É desprendimento do sentimento de posse e de ciúme.

E quando gostamos muito temos medo da perda… No entanto, um relacionamento aberto pode aumentar a proximidade, exatamente pela absoluta honestidade que ele requer. Há, por isso, relacionamentos fechados cheios de mentira, e abertos com toda a transparência, e vice-versa.

A LIBERDADE vem da VERDADE. Essa é a real libertação. Essa é a genuína intimidade. Não há nada mais interessante ou poderoso do que a verdade.

Quando podes dizer a verdade ao outro, aí sim, és inteiramente livre.

Seja em relacionamento aberto ou fechado.

Com Amor,

Elisa.

15 de Outubro, de 2021.

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